Fica
– Fica – suplicou ele semicerrando seus olhos e pressionando seus lábios contra o meu pescoço.
– Não posso mais – respondi sem rodeios e, nesse instante, pude sentir toda a força de seu amor com a pressão de seus dedos em minha mão. Um amor que quebraria meus ossos se preciso fosse; um amor que não se intimidaria com nenhum argumento, com nenhum apelo. Ele não me agrediu como de costume. Envolveu-me em seus braços e me amou ternamente, como nunca antes; como se o mundo não tivesse pressa, como se o tempo fosse eterno. Dedicou-se ao meu prazer como jamais havia feito. Ele não podia admitir a possibilidade de me perder.
– Fica – suplicou novamente entre um êxtase e outro, e eu, entre suspiros de prazer, não conseguia responder. Deixei-me levar pelo momento infinito no que ele chamava de amor e, naquela hora, éramos mais que dois corpos nus se entrelaçando, éramos um só, unidos pelo desejo carnal. Refestelei-me em seu suor e tremi como se múltiplos choques estivessem atingindo meu corpo. Não podia pensar; não podia recusar. Esquecera naquele instante toda a violência, todo o amargor da vida ao seu lado.
E, ainda sem fôlego e quase desfalecida de prazer, senti seus dedos me marcarem a pele e escutei, pela última vez:
– Fica