A casa
Num terreno de terras secas
Uma casa foi construída
Abrigou o início de vidas
Viu findar histórias vividas
Testemunhou, incontáveis vezes,
Folhas caírem e o gelo chegar
Flores nascerem e o calor se anunciar
Foi reformada ao longo dos anos
As paredes antes caiadas
Ganharam tintas arrojadas
Assistiu amores nascendo
Viu esfriar paixões de momento
Abrigou gerações de crisálidas
E assistiu borboletas voarem
Teve vida correndo em seus quartos
Acolheu alguns últimos suspiros
Teve dias de glória em festas
E momentos de recolhimento e calma
Aguentou as surpresas da vida
Sempre forte e imponente em sua fachada
Em seu interior o calor da acolhida
Nunca negando um prato de comida
Hoje fica ali aguardando
A visita de um parente distante
Uma luz sempre acesa na entrada
A janela como um olhar insistente
Esperando a vida a ela retornar
Para lhe chamar novamente de lar.
Ana Paula Toledo Aygadoux